Muito tem se falado sobre o tema aborto, e ao refletirmos sobre esta temática podemos nos voltar para o significado da palavra em si. A palavra aborto, que vem do verbo abortar tem por sinônimos verbos como abandonar, interromper, parar, frustar, entre outros com esta conotação. Desta maneira podemos citar alguns fatos da vida adulta em que abortamos ou somos abortados.
Para os pais:
Os pais que superprotegem um filho, impedindo o de evoluir ou de ter suas próprias vivências e descobertas frente a vida, ou ainda aqueles que com palavras frustam os sonhos e os desejos dos seus. Muito comum na vida adulta dos filhos são os pais que ainda agem de forma sufocante com filhos com condutas que por eles são consideradas inaceitáveis, muitas vezes até por achar estar prevenindo os de algo que ainda nem aconteceu, interrompem-os e deixam de aceitá-los, assim o que era para ser uma relação de amor e respeito acaba sendo abortada, e mais uma vezes impedindo os mesmos de viverem suas próprias experiências frente à vida e destruindo o amor fraterno que em teoria era pra ser o de maior intensidade.
Para os filhos:
Os filhos que se esquecem daqueles por quem foram criados e deram estrutura para um crescimento físico e psicológico, ao se mudarem abandonam esta relação e não a considera mais. Muito ocorre no caso do envelhecimento dos pais, a falta de paciência e carinho faz que os muitos filhos abortem sua relação com seus pais, chegando até a terceirizar o cuidado dos mesmos, porém sem sucesso em terceirizar também o amor que um dia foi dado sem querer nada em troca.
Para os amigos:
Em muitas relações sociais o aborto acontece por aqueles que estão mais próximos de nós, quando uma relação de afinidade é quebrada, quando há a necessidade de um ombro amigo que nunca esta disponível, quando o tempo e a distância interrompem um contato mais próximo. Em todos os casos ocorrem a idéia de perca, que por mais desculpas que possam ser dadas, a relação é frustrada pela falta de consideração e afeto.
Para os casais:
O aborto de um casal pode ser feito na quebra de confiança ou pela falta de tempo e cuidado, a rotina em muitos casos frusta aquilo que era para ser algo "até que a morte os separem" ou mantido pelas juras de amor feitas em um início de relacionamento. Em contra partida o cuidado exacerbado e os desejos de satisfazer a si próprio no quesito carência, sem levar em consideração que foi feita a escolha para uma vida a dois. Mesmo considerando que ambos devem possuir suas particularidades, podem provocar um aborto na relação construída por condutas individualistas.
Conclui-se que não apenas o aborto do feto no ventre da sua mãe deva ser discutido, mas o aborto em nossa relação com o próximo deve ser considerado nos dias de hoje.